segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Desapego na despedida.

As pessoas acham que minto quando falo que sou frio em relação a morte. Principalmente quando menciono aquilo que acredito (porque não sei o que acontecerá) que será minha reação no dia em que tiver que me despedir de minha mãe.
Amo minha mãe. A pesar de não valoriza-la como ela merece, eu a amo. Ela sabe disso.
Porem, admito que a muito tempo tenho buscado refletir sobre o assunto "perda", tanto no lado material como no lado sentimental, de maneira que eu esteja desapegado o suficiente para que, no momento em que ela ocorrer, eu não tenha dores.
Já chorei em velórios, já me entristeci em despedidas e já lamentei distancias, mas cada vez mais tenho para mim que, para se ter uma vida serena e proveitosa, é preciso não ter apego a nada, alem de reconhecer que, enquanto criaturas humanas, estamos sós cada um.

Gosto de ser frio de um modo geral. Não de coração, mas de postura e raciocínio.
Enquanto que com um coração quente eu possa estender a mão para aquele que humildemente precisa, com a cabeça calculista, eu posso distinguir o aproveitador, que pode mas não faz nada para mudar sua situação alem de pedir.

Essa postura também me ajuda a não ter remorsos de atitudes que eu voluntariamente tenha tomado e que tenham tido resultados desagradáveis. Ora, errar é humano, mas se não foi minha intenção de errar, por que ser condenado ou me auto-condenar? Muito diferente daquele que empunha uma arma e tira uma vida conscientemente, ou o que assalta o pai de família, na qual não tem nenhum dinheiro para o leite dos filhos, senão o que está com ele, com a finalidade de sustentar seu vício.

Procuro sempre treinar o desapego. Por isso, não me desminta ou questione se vier a me ouvir que não sinto tristezas na perda. Só saberei e saberás quando eu perder.

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