quarta-feira, 28 de abril de 2010

Lamentos de bebado apaixonado.

"...Não sei porque deveras me esquecestes. Fico recauchutando meus pensamentos a fim de limar as culpas que imagino ter, como comentei, mas pesa a digestão do fato ainda corrente. Ontem, após o banho, ainda tencionado pelo dia de sexta, lembrei de quando me estimulavas as retinas com suntuoso cruzar de pernas, discreto como o andar do lince encurralando a presa.
Por que para o limbo foram-se as noites de braços e abraços aconchegantes como cachecóis em dias frios?
Tenho para mim que realmente fizeste um escambo desigual.
Quem me fez juiz para questionar, proferir sentença condenatória ou diferençar sua atitude?
Porem, por alguns momentos insanos, cri que haveria possibilidade de uma troca adulta em outra esfera de convenções dentro de nossa tribo comum.
Hoje, outras damas me aparecem cercadas de seus despudores e, ousadamente, lançam seus lenços de seda por sobre o chão e suas vergonhas por sobre vielas e becos sem nenhum constrangimento, a fim de adicionarem meu nome em alguma de suas longas listas de degustações.
Vou prescindindo...
Quem sabe algum dia me apareça alguma guria com os seus mesmos traços altivos de fera em alactamento e com a mesma beleza de ave da Cruz do Norte..."

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Direto e sem metáforas.

Eu gostaria de não ser tão são para ter a oportunidade de surtar volta e meia. Já faz tempo que reclamo da falta de um espaço meu em casa. Em casa de meus pais, na verdade. Se estou no banho, não posso banhar-me de porta fechada. frequentemente o banheiro e invadido e, pela manhã, normalmente no mesmo horário, estou eu a tomar banho e minha mãe a evacuar, deixando-me com o conforto da fragrância de dejetos de alguém que toma remédios para pressão alta e para controle da diabetes.
Divido o quarto com meus irmãos. Só esse fato já me é de chorar, mas como complemento, todas as desvantagens disso são mais pesadas quando se fala de mim. Quando dormíamos em beliches, minha cama ficava no meio do quarto e servia de sofá para meus irmãos e para quem chegasse de visita. O resultado foi que meu colchão me incomodava todas as noites.
Para resolver o caso, minha mãe nos presenteou com camas do tipo "box"... quer dizer, presenteou a meus irmãos com as tais camas. Duas camas...
Para mim sobrou uma cama dura das de puxar de debaixo de uma das outras. Realmente ninguém mais usa minha cama como sofá. Agora não culpo mais os outros por dormir mau. Culpo a cama.
Meu computador fica na sala. Qualquer conversa mais particular fica exposta à quem estiver na sala. Fone de ouvido a todo tempo para qualquer atividade com o PC.
Sinto, algumas vezes que não posso sair de casa de modo tranquilo. Se saio de mochila, por algum motivo qualquer, amada mãe me olha de cara feia e afirma "não vai voltar hoje!", se vou na esquina por qualquer motivo, ouço um "vai fazer o que na rua?". Qualquer coisa que faça fora que não seja ir ao trabalho ou ao curso, recebe um questionamento que não me parece mais qualquer sinal de preocupação e sim de regulação incisiva.
Não posso receber visitas em casa.
Se saio e digo que vou sair com um amigo, vem um e me fala que são muito estranhos esses meus amigos que ninguém conhece.
Na verdade, são projetos de amigos na maioria das vezes. Justamente porque a muito tempo que desaprendi a fazer qualquer tipo de amizade e a desenvolver qualquer tipo de conversa interessante por mais que 20 minutos.
Namoradas, então, nem se fala!

Morar com minha mãe tem lá suas vantagens. Faço justiça dizendo e reconhecendo que tenho tudo que ela pode fazer por mim, mas no seu lado ruim, hoje não sei cuidar de muitas coisas de minha própria vida, como, por exemplo, controlar meu dinheiro.
Acho que morando só, eu ganharia muito mais responsabilidade com isso e com inúmeras outras coisas na vida. Saberia remir melhor meu tempo, aprenderia a lavar minhas próprias cuecas (nem isso eu faço)...

Hoje estou no grande dilema de minha vida. Ou estudar e construir uma carreira, correndo o risco de passar a vida toda trabalhando sem o devido descanso, ou juntar um dinheiro na marra e fugir para um patrimônio meu, me matando de trabalhar por toda a vida sem o devido descanso.

Alguém tem uma terceira sugestão melhorzinha?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Erros da vida. (1)

Sem duvida alguma, a verdade tem um peso de extrema importância na vida do homem. A verdade e a clareza nos fatos da vida. Quando não se tem segredos e se usa de verdade no seu cotidiano, todos os frutos de suas atitudes, ainda que falhos, são compensados pela “carta de credito” do comportamento reto.
Triste ver que o homem tem o seu coração, já desde o ventre, inclinado para o erro da omissão e da mentira a fim de se beneficiar de alguma coisa ou tentar se defender de seus problemas do cotidiano.
Eu mesmo uso dessa pratica. Mas gostaria de colocar meu sofrimento em exercitar uma atitude correta e “pagar para ver” o resultado de procurar uma vida o mais clara possível. É muito complicado, mas muito mais gratificante e acolhedor o fato de saber que não devo nada a ninguém.


A pregação mundana de hoje é essa: para que expor o seu erro se existe a possibilidade de deixá-lo cair no mar do esquecimento?
Constatável em todo o tipo de novela que seja exibida, um mocinho ou mocinha tem lá seus segredos e omite até o final da trama, onde, após um desentendimento, tudo fica resolvido e todo o sofrimento causado pela mentira ou pela omissão é perdoado deixando tudo “na boa”.
Outro causo triste é a desculpa da “boa mentira”. Bancar uma personalidade que não é sua ou ocultar um crime em beneficio de outro.
                                                  
BURRICE!

Não existe segredo contado ao pé do ouvido que não seja, hora dessas, proclamado dos telhados das casas! Ao final de tudo, nos apenas acumulamos o poder da omissão e da displicência transformando toda aquela questão em uma bomba de proporções cada vez maiores.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Romance pós-moderno.

"...ela tinha usado um subterfúgio em um site de relacionamentos para ser "avisada" se seu amado tivesse desperto um mesmo interesse afetivo por ela. Interessante foi que não demorou muito para ter a confirmação daquilo que a timidez não permitiu perguntar face-a-face.
Depois disso, longos diálogos virtuais percorreram um tempo infinito em dias até que, em um dia chuvoso, eles acabaram se encontrando de modo mais intimo e descobrindo que todo o sentimento, que aparentemente tinham, fora atrofiado pela prancha de chaves do computador pessoal.
Ficou mais interessante, para o casal, manter um relacionamento virtual, onde sempre tiveram mais assunto..."