"...Não sei porque deveras me esquecestes. Fico recauchutando meus pensamentos a fim de limar as culpas que imagino ter, como comentei, mas pesa a digestão do fato ainda corrente. Ontem, após o banho, ainda tencionado pelo dia de sexta, lembrei de quando me estimulavas as retinas com suntuoso cruzar de pernas, discreto como o andar do lince encurralando a presa.
Por que para o limbo foram-se as noites de braços e abraços aconchegantes como cachecóis em dias frios?
Tenho para mim que realmente fizeste um escambo desigual.
Quem me fez juiz para questionar, proferir sentença condenatória ou diferençar sua atitude?
Porem, por alguns momentos insanos, cri que haveria possibilidade de uma troca adulta em outra esfera de convenções dentro de nossa tribo comum.
Hoje, outras damas me aparecem cercadas de seus despudores e, ousadamente, lançam seus lenços de seda por sobre o chão e suas vergonhas por sobre vielas e becos sem nenhum constrangimento, a fim de adicionarem meu nome em alguma de suas longas listas de degustações.
Vou prescindindo...
Quem sabe algum dia me apareça alguma guria com os seus mesmos traços altivos de fera em alactamento e com a mesma beleza de ave da Cruz do Norte..."
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